Últimos Dias

“No mais fundo de mim uma vozinha chamava. Primeiro, quase inaudível, continuou até eu não a poder ignorar mais. Era a voz dos lugares selvagens, e eu sabia que fazia agora parte de mim para sempre.”

Percy Fawcett

É agora a contagem final para o final de um ano incrível pela estrada fora. A viagem começou em Janeiro e levou-me a diversos lugares, bem diferentes do que estava à espera inicialmente. As emoções são esmagadoras e é difícil de expressar tudo o que se passa cá dentro. É maior do que eu! Foi um ano cheio de descobertas a todos os níveis, especialmente auto-descoberta, ao qual estou eternamente grata! Suspeito que só irei apreender tudo o que vivi num futuro vindouro, depois de o tempo necessário ter passado para me dar a perspetiva para absorver todas estas experiências.

A lista é interminável e poderia continuar e continuar, mas de entre todas as coisas incríveis que eu descobri e/ou aprendi, aqui estão algumas:

 

  • Como ser um pássaro-da-estrada! Depois do medo e duas quedas, eu não só aprendi a andar de Scooter, como acabei por me apaixonar por isto. A sensação de ser um com a mota, sentir o próprio equilíbrio, é como ser um pássaro-da-estrada! Eu ADORO! Pelo caminho, também aprendi uma técnica através da água com a incrível Clarissa Hoffman que me ajudou a mudar a minha atitude mental face a esse medo.

 

  • Como me curar de Pleuritis com óleos esenciais (episódio que partilhei exclusivamente com os meus Patrons).

 

  • Estar grata ao meu corpo, o veículo da minha alma nesta forma de vida. Duas semanas após a viagem ter começado, eu escorreguei e apoiei-me no braço para não cair. Senti uma dor imensa, mas pensei que era coisa do momento. Na manhã seguinte, quando acordei, eu tinha uma dor aguda e não conseguia mexer o braço. Fiquei assustada e preocupada. Acabei por ter de ir ao Hospital (com a ajuda de um anjo chamado Rai na forma de uma mulher Tailandesa). Tinha rasgado o músculo do ombro, naquilo que é normalmente designado de Bursite. Durante a recuperação, os óleos essenciais ajudaram-me e eu acho que recuperei relativamente rápido devido ao uso dos mesmos (dois dos meus minúsculos frascos esgotaram-se durante esse episódio). Depois desses dias, recordo-me da IMENSA alegria que senti quando fui finalmente capaz de fazer as tarefas mais simples que damos por garantidas. Às vezes não damos atenção nenhuma às maravilhas do nossos corpo e como é um milagre toda esta conexão de músculos, ossos e tecidos que nos assistem de forma perfeita (sim: isso inclui lavar os dentes ou simplesmente vestir uma t-shirt ou atar o cabelo). Uma das coisas que fiz durante esses dias, pois não podia fazer muito mais, foi ver diversos dos filmes nomeados para os Óscares da Academia. Foi basicamente o máximo de cinema que tive este ano! E esses dias deram-me a bela pérola Call Me By Your Name, cuja banda-sonora foi uma presença constante ao longo deste ano.

 

  • Quão divertido é trabalhar com crianças, pois elas relembram-nos da nossa criança interior. Eu tive a oportunidade de trabalhar com um garoto de 7 anos no Retiro de Kung Fu, o meu estudante mais novo até à data. Isso reforçou o meu desejo de que todas as crianças aprendam Qigong, ligando-se ao seu Qi desde tenra idade. Trabalhar com crianças é exigente e exaustivo, mas é tão cheio de alegria e gargalhadas que acaba por ser uma das actividades mais gratificantes de todas. As crianças estão verdadeiramente abertas ao que nós dizemos e têm a clareza de espírito que acaba por nos ensinar sempre alguma coisa de cada vez que estamos com elas. Faz-me lembrar aquela frase do filme Jack: “Sabes porquê que eu gosto de ensinar crianças, Jack? Para não ficar demasiado envolvido em ser um adulto. Para eu me lembrar que há outras coisas importantes na vida – como andar de bicicleta, brincar numa casa na árvore, chapinhar na água com os sapatos bons calçados.”

 

  • Eu adoro ser uma Embaixadora de Óleos Essenciais. Eu fico mesmo feliz por partilhar os fantásticos benefícios dos óleos onde quer que vá, aliviar esta pessoa ou aquele sintoma, espalhar a alegria de os incorporar na rotina diária e oferecer os minúsculos frascos ao longo do caminho para este ou aquele propósito, a esta ou aquela pessoa, durante este ou aquele episódio. Adoro partilhar informação de saúde e bem-estar, adoro espalhar sorrisos e sentir que de alguma forma fiz a diferença no dia de alguém. Acho que isto se resume nas palavras de J.M. Barrie: “Aqueles que brilham a sua luz na vida dos outros, não podem impedir que essa luz brilhe sobre si próprios.”

 

  • Sum Chien: corpo, mente, espírito! Sum Chien foi provavelmente a coisa mais incrível que eu trouxe da minha prática de Kung Fu. Eu acabei por ter saudades das Pushing e Sticky Hands, exercícios dos quais não era particularmente fã inicialmente. Mas o Sum Chien é uma das formas mais poderosas de exercício que eu descobri e posso dizer com alegria que é parte da minha rotina diária. E a Cara de Sum Chien é inestimável!

 

  • Tantra & Tao! Eu cobri este tema no outro post e – mais uma vez – partilhei detalhes exclusivos com os meus Patrons durante essa experiência. Mas, no geral, a jornada com o Tantra & Tao, tal como o Kung Fu, foi algo que faz agora parte da minha maneira de viver.

 

  • O Yoga é interior. Eu tirei um Curso de Instrutora de Yoga em Março, mas não foi o curso que me fez verdadeiramente mergulhar no Yoga, mas sim as experiências ao longo da viagem, cada uma delas a ressoar mais e mais com aquilo que o meu Professor de Yoga e Ser Humano Inspirador Johnny Nasello expressou sobre a filosofia do Yoga e voltar à prática no nosso tapete vezes e vezes sem conta.

 

  • O modo de vida do Kung Fu. Eu passei diversos meses num Retiro de Kung. Claro que me atirei de cabeça a achar que aquilo tinha todas as respostas e que me ia salvar nem eu sei bem de quê. O lugar e as pessoas acabaram por ser bem diferentes do que tinha imaginado e, talvez, precisamente por causa disso, esta foi uma das experiências mais enriquecedoras da minha vida, uma vez que o Kung Fu está agora impregnado em tudo o que faço. É um modo de vida! Um dos meus irmãos de Kung Fu expressou isto brilhantemente: “O Kung Fu é um processo, não um evento. Confia no processo!”

 

  • Como lidar com a desilusão, algo que é interior e não exterior. Quando eu estava a deixar o Retiro de Kung Fu, bem mais cedo do que tinha planeado, eu sabia que tinha de deixar aquilo ir. De outra forma, eu estaria a bloquear o processo e, apesar de não estar no Retiro fisicamente, ainda estaria lá. Foi então, que – não por acaso – dei de caras com esta frase do Nelson Mandela: “À medida que eu saía pelo portão em direção à minha liberdade, eu sabia que tinha de deixar todo o ódio e ressentimento para trás, ou então ainda estaria na prisão.” E eu senti e sinto-me para sempre grata à minha Família do Kung Fu por todas as lições que eu aprendi e que excedem de longe a prática física.

 

  • Como a música está sempre presente e é quase um amigo em si própria (ou uma personagem do filme da vida)! A música está em tudo, permeia tudo aquilo que fazemos. Eu tenho os meus habituais e posso dizer que nada é melhor do que escutar a voz do Eddie Vedder debaixo dum lindo céu nocturno no meio das montanhas, ou começar o dia com os Beach Boys em qualquer lugar do mundo, ou voltar ao Sting vezes e vezes sem conta, ou ser tocada pela Divina em cenários de natureza gloriosos, ou fazer as rotinas de Kung Fu ao som dos Depeche Mode (sim: Depeche Mode! Façam o Shuang Yang ao som deles!) ou constantemente redescobrir os The Doors (eu e o Jim tivemos um momento especial este ano durante a Soft Parade), entre muitos outros aos quais sou fiel: desde música clássica a rock, incluindo as minhas amadas bandas-sonoras de filmes. À medida que escrevo este parágrafo posso ouvir a Love My Way na minha cabeça que eu roubei ao Call Me By Your Name (eu imagino a Isabel Leirós a sorrir ao ler isto!) e que também me deu o Sufjan Stevens, uma das companhias que adoptei este ano (que curiosamente também fez a música do I, Tonya um dos filmes que eu vi enquanto estava deitada a recuperar em Fevereiro).

 

 

  • A presença constante da sincronicidade. Como Jung descreveu “A sincronicidade é uma realidade sempre presente para aqueles que têm olhos para ver.” Este ano foi um perfeito exemplo de sincronicidade e ao olhar para a minha vida consigo ver que a natureza da sincronicidade está sempre presente. Eu tive episódios ao longo deste ano que foram uma confirmação desta realidade, especialmente a presença da Rai durante a “aventura” do ombro e um episódio em Pai que parecia saído de um filme!

 

  • O poder da fé. Isto é algo que eu ainda estou a aprender, mas após a sincronicidade, uma coisa que eu consigo ver claramente são as capacidades infinitas inerentes ao ser humano e que, de alguma forma, são acedidas através da rendição e da fé (excelente leitura no tema: Letting Go: the Pathway of Surrender do Dr. David Hawkins). E, como o meu Norueguês favorito, Thor Heyerdahl expressou: “Fronteiras? Eu nunca vi nenhuma. Mas ouvi que elas existem nas mentes de algumas pessoas.”

 

  • O mar é o meu oráculo eterno. Pela primeira vez na minha vida eu passei 4 meses longe do mar (acho que o máximo que tinha passado antes foram 2 semanas). Eu senti realmente saudades do mar, pois – de alguma forma – eu encontro sempre conforto no seu balançar infinito. A minha ligação com o mar é mais forte do que imaginava! E a praia tornou-se – indubitavelmente – um dos meus lugares favoritos para fazer o Shuang Yang embalada pelo som das ondas a acariciarem a areia.

 

  • O poder incondicional da amizade! Eu já tinha noção disto e sempre fui muito abençoada por ter amigos extraordinários (até tive a visita de alguns deles durante este ano e esses momentos foram mais re-energizantes do que imaginei). A energia dos meus amigos esteve comigo durante a viagem e foi realmente muito poderosa, eu senti a sua luz a brilhar sobre mim. Eles sabem quem são e eu só posso humildemente dizer: OBRIGADA! Esta jornada não teria sido possível sem vocês!

 

  • A sinergia é poderosa! Isto pode ser resumido nas palavras do Bruce Lee: “Absorve o que é útil, rejeita o que é inútil, e adiciona o que é especificamente teu.” Quer o Yoga, quer o Kung Fu/Qigong são maneiras de viver. Eles não são mutuamente exclusivos. Na verdade, eles elevam-se por cooperação de cada uma das artes e aplicação de ambas nas aventuras diárias que a vida nos atira. Manter a prática destas atividades é uma forma de cultivar e alimentar a luz interior. É um trabalho diário que se torna mais e mais natural à medida que se mergulha mais e mais profundamente, porque – no fundo – estamos a mergulhar dentro de nós próprios! E, mais uma vez, nas palavras do meu Norueguês favorito: “As pérolas raramente aparecem em ostras servidas num prato, é preciso mergulhar por elas.”

 

  • Abençoado duche de des-romantização! Não, não é no sentido mais comumente associado à palavra romance ou romântico, é numa maneira maior de ver a vida ou o mundo, conforme descrito pelo Dr. David Hawkins em Letting Go: the Pathway of Surrender. Este ano foi um despir de ideias pré-concebidas e falsas crenças, retirar os óculos cor-de-rosa (porquê que alguém haveria de filtrar a visão do mundo e não admirá-lo exatamente como é?). É uma forma de ver e estar e ser que é humilde na maneira de ver as coisas pelo que são, aceitando e abrançando-as exatamente como são. É uma maneira de ser que eu estou a aprender a cada novo dia e que que vou aprender durante a minha vida. E estou eternamente grata por essa oportunidade!

 

  • A beleza do nosso planeta! É sempre bom relembrar e deixarmo-nos deslumbrar pela beleza que as mais variadas paisagens e cidades provocam em nós. Gostava de deixar uma palavra de apreciação especial para Pai e Hoi An, às quais chamei casa ao longo deste ano!

 

  • Como as outras pessoas são a verdadeira viagem. A coisa mais preciosa e importante de todas que levo deste ano é o contacto que fiz com outras almas humanas. Todas as pessoas que conhecemos ao longo do caminho, aqueles com quem nos ligamos, aqueles com quem não nos ligamos, todos nos mostram algo sobre nós próprios. Cada relacionamento é uma oportunidade de conexão interior mais profunda e, também, de gratidão pelas dádivas que a vida nos apresenta constantemente se a abraçarmos com todas as experiências. Eu tive a oportunidade de entrevistar imensas almas, algumas que se traduziram em excelentes entrevistas que eu partilhei neste blog e outras traduzidas em momentos de conexão energética que estão para além das palavras e do tempo. Como Tesla brilhantemente disse: “Se quiser conhecer os segredos do universo, pense em termos de energia, frequência e vibração.” E é exatamente isso que somos: seres energéticos a vibrar na frequência da vida.
  • Eu própria comigo própria! Eu aprendi imenso sobre mim própria, como nunca antes. A Louise Hay está a ajudar-me a aceitar-me incondicionalmente e a ensinar-me a amar-me mais e mais a cada novo dia. O David Hawkins está a ensinar-me a deixar ir, o caminho da rendição, o caminho de frequências vibracionais elevadas, o caminho do amor. Todas as pessoas me ensinaram algo sobre mim, fizeram-me olhar para dentro. Acho que ninguém expressou isto tão bem como Anïs Nin “Nós não podemos salvar as pessoas, nós apenas as podemos amar.” Eu não me posso salvar, mas posso certamente amar-me mais e mais. E este percurso cujo caminho eu não consigo ver, compreendo agora que é uma viagem que não tem fim. É uma jornada contínua que vai durar toda a minha vida e nunca estará completa. É Kung Fu! Novamente, nas palavras de Bruce Lee: “Tu não podes ter forma: como a água. Quando jorras água num copo, ela torna-se o copo. Quando jorras água numa garrafa, ela torna-se a garrafa. Quando jorras água num bule, ela torna-se o bule. A água pode gotejar ou pode despedaçar. Torna-te como a água, meu amigo.”

 

Eu quero agradecer a todos – e eu quero mesmo dizer TODOS – os que fizeram parte deste ano incrível na minha vida! As pessoas ao longo da viagem: vocês são a viagem! Obrigada! Pessoas da minha vida em “casa”: vocês são a minha força e o meu apoio, o meu abrigo seguro a quem poso voltar vezes e vezes sem conta, literalmente, ou sob o sol infinito que me trazem à mente. Eu sei que vocês estão comigo em cada passo do caminho!

Quero deixar um obrigada especial aos meus Patrons, por acreditarem em mim e no meu trabalho e por apoiarem o Skin at Heart com um contributo mensal de maneira a permitirem que o site se mantenha vivo e online. E também por me inspirarem a trazer-vos dicas exclusivas, informação e livros e continuar a aprender sempre. O facto de vocês acreditarem tanto no meu trabalho que decidiram demonstrá-lo tornando-se Patrons do Skin at Heart significa o mundo para mim!

À medida que termino de escrever estas palavras, o sol escaldante deu lugar a uma bela lua em quarto crescente, que em breve se tornará uma lua cheia numa infinita permutação de fases lunares, estações, experiências, vida.

Para terminar este post tão sentido, deixo-vos um pensamento do J.M. Barrie:

“Vamos fazer uma nova regra de vida a partir desta noite? Tentar sempre ser um pouco mais gentil do que o necessário?”

 

Com muito amor e gratidão,

Natália

 

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