Como espécie, a Humanidade tende a focar-se no negativo, basta ver as notícias ou ler um jornal, claros indicadores deste facto. O principal motivo pelo qual isto acontece é que o nosso sistema neurológico está programado para se viciar nestes estados emocionais e nós somos treinados a estar ligados no chamado modo “lutar ou correr”. Estas emoções de sobrevivência, como medo e ira, transportam uma enorme quantidade de energia e é essa intensidade que monopoliza completamente a nossa atenção. No entanto, podemos escolher não nos entregarmos a esse modo, colocando a nossa atenção em coisas que nos trazem alegria ou que nos elevam o estado mental. O desafio é a programação que sofremos, visto que desde tenra idade crescemos a acreditar que estas emoções nos podiam servir. E elas servem-nos à sua própria maneira, mas, à medida que elevamos a nossa consciência, expandimos a nossa perspetiva e compreendemos que há uma panóplia de outras emoções que são muito mais eficazes para atingir os mesmos ou melhores resultados. É o princípio base por detrás de poder versus força, todo o trabalho científico do Dr. David R. Hawkins.
“Na era da informação, a ignorância é uma escolha.” Dr. Joe Dispenza
O ser humano é inerentemente completo. É a falta de consciência que fraciona a nossa perceção, criando estes estados de ignorância ou ausência de luz. À medida que eu observava a minha própria ignorância, quando confrontada com a situação atual, eu senti-me compelida a dar um passo atrás para observar o cenário de outra perspetiva. À semelhança daquela cena do filme O Clube dos Poetas Mortos em que o Professor Keating convida os seus alunos a subirem às suas secretárias para observarem o mundo desse novo panorama, também estava eu a ser chamada para contemplar aspetos positivos do que estava a ver. Desafiar-me para olhar para o lado luminoso, fez-me notar algumas coisas:
Ambiente
Com a paragem geral que tem vindo a decorrer no mundo, desde o último ano, é notório que o ambiente está a atravessar uma grande mudança. Depois de décadas a lutar para se decidirem medidas que pudessem ter impacto na natureza, a humanidade, como um todo, involuntariamente contribui para melhores condições ambientais neste planeta para todas as suas espécies (incluindo a nossa) prosperarem. Vêem-se pássaros a voar por aí cantando alegremente, as árvores estão a crescer fortes, amostras de verde aparecem por todo o lado e nós estamos a perceber que viajar interiormente pode ser tão divertido (e enriquecedor) como viajar para fora. Estamos a criar o ambiente interior perfeito para estados elevados de consciência, que acabarão por se refletir em ações conscientes para connosco e para com o nosso habitat.
Bondade
Outra coisa que observei é como este evento está a fazer com que as pessoas façam atos impetuosos de bondade. Todos os grandes sábios dizem que “a alegria está em dar” e uma coisa que eu tenho testemunhado diariamente é as pessoas a serem mais atenciosas umas com as outras. Não apenas na forma de família e amigos, mas também estranhos na rua que, naturalmente, sorriem uns aos outros com olhos de compaixão ou prontamente ajudam alguém que necessita. Fazer uma refeição fora, caminhar na natureza, ir a um concerto ou abraçar uma pessoa que nos é querida ganhou, subitamente, um sabor diferente. É como se as pessoas estivessem a valorizar mais as coisas simples novamente. E que reconexão incrível isso é!
Conexão
Conexão é uma consequência da bondade. À medida que as pessoas agem de forma bondosa umas com as outras, elas conectam-se naturalmente. Vizinhos saúdam-se diariamente e oferecem comida e flores ou qualquer desculpa para nutrir a proximidade. Aquelas pessoas que vivem perto de si, mas que raramente via ou prestava atenção, tornam-se aqueles com quem se pode conectar diariamente. A situação geral cria a oportunidade para as pessoas realmente olharem para os rostos umas das outras (engraçado colocar as coisas desta forma, visto que estamos todos a usar máscara), o que quero dizer é: agora tomamos, realmente, o tempo necessário para olhar uns para os outros, para ver o nosso vizinho ou a pessoa que está à nossa frente. Há um sentido geral de união e estamos a agir mais para a nossa comunidade.
Estes são apenas alguns dos aspetos de se observar o que se está a passar sob uma luz diferente. Focarmo-nos sucessivamente nesta perspetiva assiste-nos em sermos mais criativos e vermos soluções onde só víamos problemas. Também nos impulsiona a perguntar continuamente: quais são as oportunidades nesta mudança?
“Às vezes cabe a uma geração ser grande, vocês podem ser essa grande geração, deixem a vossa grandeza florescer.” Nelson Mandela