Na primeira semana do curso foi-nos dito que teriamos de ensinar uma aula no final e ao longo dessas quatro semanas seriam-nos dadas ferramentas para o fazer. Já alguma vez ensinaram uma aula? Ou falaram em público? Se sim, então devem saber que requer uma grande quantidade de auto-confiança ou – pelo menos – de fé (fingir até conseguir, certo?). É especialmente pior quando se está a actuar perante profissionais e a ser avaliado pela performance, o que – se pensarmos sobre isso – está sempre a acontecer, simplesmente não estamos tão focados nisso, o que significa que muitas vezes estamos mais relaxados e, como tal, tendemos a sentir-nos mais relaxados e, consequentemente, ter uma performance melhor.
Uma coisa engraçada que as pessoas empatas têm é a maneira como parecemos estar sempre ligados na energia de quem nos rodeia e que, frequentemente, confundimos como se fosse a nossa e chegamos a adoptar esses padrões não tão saudáveis de discurso ou comportamento. O Dr. Joe Dispenza explica este processo majestosamente no livro Como Criar Um Novo Eu e como sair deste padrão.
A última semana do Curso de Instrutora de Yoga foi bastante desafiante: a Mãe duma grande amiga minha faleceu, o meu cartão do Banco foi clonado e teve de ser cancelado e o nervosismo para o exame subia. No topo de tudo isto, a vibração energética que descrevi estava a tentar puxar-me para baixo.
Eu lembrei-me daquela história Zen:
“Dois monges estão a atravessar um rio: um deles ajuda uma mulher a atravessar e horas depois, o outro, claramente ainda perturbado com o acontecimento, pergunta porquê que o primeiro tinha de ajudar a mulher se eles tinham feito votos de não tocar no sexo oposto. Em resposta, o monge diz: “Irmão, eu deixei a mulher do lado de lá do rio, porquê que tu ainda a estás a carregar?”
Houve um momento, durante a semana do exame, em que eu estava realmente frustrada com o guião que nós tínhamos, maioritariamente devido aos meus hábitos perfeccionistas que também estou a tentar largar. Nós tinhamos um guião definido pelo nosso Professor Johnny sobre como ensinar uma aula. Aquilo parecia-me um pouco falso e sem essência. Como é que podiamos apenas memorizar algumas frases duma sequência que nem sequer era da nossa autoria e sentir que éramos Professores de Yoga? Devo confessar que tudo o que estava a contecer nessa semana, incluindo a energia que eu estava a usar para lidar com as energias dos outros estava a pesar-me muito mais do que gostaria de admitir. Porquê que eu estava a carregar tudo isso comigo, tal como o monge parecia carregar a mulher muito tempo depois de terem atravessado o rio?
E, finalmente, eu compreendi que nunca foi suposto ser um guião. Isto eram apenas directrizes. O nosso (muito inteligente) professor Johnny Nasello estava apenas a dar-nos directrizes para a maneira como ensinamos uma aula, tal como todos os livros que tivemos de ler para o curso, ou todas as poses que tivemos de fazer eram apenas directrizes para amaneira como vivemos a vida, a maneira como encaramos cada desafio. Não existem fórmulas! Tal como o Osho descreve em Tao: The Pathless Path, o caminho desenrola-se à medida que vamos caminhando. Só temos de ter a coragem de dar cada passo e abraçar o desconhecido.
“A vida minga ou expande em proporção à coragem de cada um.” Anaïs Nin
Esse foi um momento verdadeiramente libertador para mim! O curso do Johnny foi baseado em directrizes sobre como ser um Professor de Yoga e passar este conhecimento a outras, tal como são directrizes o exemplo de ser humano que ele é e que nos inspira a caminhar o caminho da vida com os nossos próprios passos. E por esse motivo, eu estou eternamente grata ao Johnny!
Namasté!
“Os melhores professores são aqueles que te mostram para onde olhar, mas não te dizem o que ver.”