Frederic Kiernan é o Coordenador Inter-Disciplinar da Investigação Criatividade e Bem-estar da Universidade de Melbourne.
Descobri esta Iniciativa durante uma das minhas pesquisas sobre a área académica da Psicologia Energética, visto que isto é um tema cuja investigação me parece fundamental para o futuro da Humanidade, conforme os leitores do Skin at Heart já se aperceberam, visto que é tudo o que este blog retrata. Contactei a Faculdade para obter mais informações sobre este aliciante projecto, cuja investigação seria algo de estudar a nível inter-cultural. Consegui entrevistar o Coordenador Frederic Kiernan, que se disponibilizou para partilhar mais conosco sobre a relação entre criatividade e bem-estar e o âmbito de estudo deste projeto que tem impacto na saúde e bem-estar de cada pessoa e, consequentemente, da sociedade como um todo.
1 – Qual é o objetivo da Creativity and Wellbeing Hallmark Research Initiative?
O objetivo da Creativity and Wellbeing Research Initiative (CAWRI) é explorar a relação entre a criatividade e o bem-estar. CAWRI também explora as melhores formas de fornecer bem-estar à sociedade através de iniciativas criativas, através do encorajamento de parcerias de investigação entre a Academia e Empresários da Indústria, Governos e Sectores não lucrativos.
2 – Qual é a conexão entre criatividade e bem-estar?
Isto é precisamente o que a CAWRI procura compreender. Os termos “criatividade” e “bem-estar” são ambos difíceis de definir (e muitas definições diferentes existem), mas, apesar de tudo, nós sabemos que ser criativo pode ter muito benefícios. Há uma relação entre a produção de novidades relevantes e eficientes (por exemplo) e resultados positivos sociais, emocionais e cognitivos. Isto obviamente sobrepõe-se com o conceito de bem-estar, mas precisamente como ainda não é compreendido.
3 – Qual é o papel da criatividade no que toca ao bem-estar geral na vida de uma pessoa?
Esta questão também é algo que estanha agenda da CAWRI. Acabámos de anunciar o nosso fundo de capital que fundará projetos da Universidade de Melbourne que explorem esta questão. Porque quer a criatividade, quer o bem-estar podem ser entendidos de diversas perspetivas disciplinares, a CAWRI requer que estes projetos sejam levados a cabo através de equipas inter-Faculdades usando uma abordagem inter-disciplinar. Isto ajuda a criar uma imagem mais multi-facetada de como a criatividade promove o bem-estar, porque tem em consideração uma mistura de elementos mais dinâmica.
4 – Há uma diminuição da Criatividade (ou do tempo que dedicamos a ela) à medida que envelhecemos? Porquê? Como podemos mudar isso?
Nós sabemos que a criatividade requer a capacidade de associar e combinar ingredientes (“pensamento divergente”), e alguns académicos exploraram como os padrões de pensamento dos adultos se tornam mais rígidos e rotineiros à medida que envelhecem (que pode ser chamado de “fixidez funcional”). As atividades criativas podem encorajar o pensamento divergente, a fluência ideacional, e a flexibilidade na percepção, o que pode combater esta rigidez. Mas o pensamento divergente não é suficiente para a criatividade: a pessoa tem também de ser capaz de pensar estrategicamente, ser decisiva, e afunilar uma série de ideias a apenas as melhores ideias. Isto chama-se de “pensamento convergente”, e é algo que os adultos geralmente fazem melhor do que as crianças, a quem falta ainda o critério táctico dos adultos. Por isso, promover criatividade em adultos à medida que envelhecem parece envolver um equilíbrio perfeito entre estas duas formas de pensar.
5 – Como é que as atividades criativas impactam a saúde (física, mental e emociona)?
A criatividade está muito ligada à memória, e particularmente à memória não-declarativa (isto é, o inconsciente, memória de processos de saber sobre como fazer as coisas em vez de memória consciente de factos ou eventos). As atividades criativas acedem a memória não-declarativa da experiência aprendida, o que pode ter uma variedade de impactos a nível de saúde. A Diretora da CAWRI, Professora Jane Davidson, fez muito trabalho para explorar e promover os benefícios de atividades criativas para pessoas mais velhas em particular (tal como cantar em coros da comunidade). Por isso existe certamente evidência de que participar em atividades criativas em idades mais avançadas pode ajudar a restaurar e manter a saúde em termos de uma variedade de factores.
6 – Num mundo onde estamos constantemente a ser bombardeados de informação e tecnologia, que ferramentas é que podemos usar (incluindo ferramentas digitais) para cultivar a criatividade com o propósito de promover o bem-estar? Como podemos usar a realidade virtual para enaltecer a criatividade e promover o bem-estar?
Existem agora investigadores a trabalharem nesta questão específica. Um dos membros do Comité da CAWRI, Jenny Waycott, investiga como a tecnologia pode ser desenhada e usada para enriquecer a vida das pessoas, incluindo através da busca de atividades criativas. Um projeto interessante para o qual a Jenny contribuiu foi “Ageing and Avatars”, que envolve participantes mais velhos a co-desenharem um ambiente de realidade virtual e a criarem representações de si próprios para usar numa configuração de Realidade Virtual baseada em reminiscências. Portanto, a tecnologia digital e a realidade virtual podem oferecer oportunidades de promoçao de bem-estar através de atividades criativas.
7 – Como podemos nutrir a criatividade nas nossas vidas diárias? O que podemos fazer como indivíduos e o que se pode fazer como sociedades?
A nível individual, atividades que promovam flexibilidade na percepção podem nutrir a criatividade. Por exemplo, os indivíduos podem praticar meditação ou mindfulness de modo a praticarem verem as mesmas ideias ou coisas de maneiras diferentes e de escaparem a mindsets muito rígidos. Mas, muito depende das relações entre o indivíduo e o seu contexto, e quase oportunidades estão disponíveis para seguir atividades criativas. É aqui que a indústria, os corpos governamentais e a sociedade como um todo têm um papel muito importante e é por isso que a CAWRI está a estabelecer relações entre a academia e os agentes exteriores. Através destas parcerias, nós esperamos identificar e cultivar novas formas de encontrar o bem-estar através de atividades criativas para membros da sociedade ao longo das suas vidas.
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