Andrea Heller é uma grande amiga minha que durante muitos anos sofreu com o vício do açúcar. Este ano, Andrea revolucionou a sua vida quando viu sua saúde se deteriorando e decidiu agir e largar esse vício de uma vez por todas. O açúcar está tão instituído que é, ainda, um assunto tabu. Por esse mesmo motivo, esse percurso não foi e não é fácil, mas o caso de Andrea é o caso de milhares de nós. Tomarmos consciência que se trata de um vício com um impacto avassalador na nossa vida éo primeiro passo para termos um papel ativo na mudança.
1 – Como foi o seu percurso até chegar ao ponto de desistir do açúcar? Ou seja quando percebeu o impacto que a alimentação estava a ter na sua vida e quais as principais razões que a levaram a querer mudar?
Desde a infância tive desafios com a balança. Já testei inúmeras dietas, mas sempre voltei a um peso cada vez maior. O controle do açúcar nunca aconteceu com eficiência antes.
Foi necessário mais do que números exagerados na balança e no sangue (como glicose, pressão e colesterol) para iniciar uma mudança real. O entendimento de que estava doente veio com o processo da cura. Quando iniciei um programa de reeducação alimentar, acompanhado de informação excessiva sobre o mal que o açúcar faz e o controle do estresse/ansiedade com constante terapia, tudo isso ao mesmo tempo, garantiu que eu reunisse forças para uma mudança séria. Entender que o açúcar é uma terrível droga e serve como válvula de escape para as pessoas ansiosas (meu caso) ajudou a iniciar o processo da cura.
2 – Quando iniciou a mudança, com o quê que sentiu mais dificuldade no período de adaptação inicial?
Iniciei em setembro/2017 quando tive um colapso (pressão alta) por conta de estresse no trabalho e minha ansiedade. Entendi que algo estava muito errado e precisava mudar se quisesse seguir a vida saudável por muitos anos. Afinal só tenho 39 anos e quase 30 a mais de trabalho, além de muito mais para viver.
A maior dificuldade foi o período de abstinência do açúcar. Levou cerca de 20 dias, muito irritada e cansada. Como tinha toda a informação sobre a abstinência e seus efeitos na fase inicial, somada a ajuda constante de excelentes profissionais, família e amigos, consegui passar por esta fase crítica.
3 – Quais foram as primeiras melhorias que notou?
1- Período menstrual. Sempre tive crises de cólicas e pela primeira vez em muitos anos eu não tive absolutamente nada. O fluxo era exagerado e agora normalizou.
2- Energia. Disposição aumentou para diferentes tarefas.
3- Fome. Vivia faminta e pensando em comida todo o tempo. O apetite mudou.
4- Peso. Melhorou e já se foram 13kg.
E tenho consciência que isto é só o começo.
4 – Essa caminhada é um longo processo. Após a mudança já estar estabelecida ainda se confronta com dificuldades? Quais?
Ainda estou caminhando e o processo de cura continuará para sempre. Uma vez viciado em qualquer droga que seja, há o risco de recaída. O açúcar não é diferente.
Compreender que o açúcar e todos os produtos industrializados com alto índice glicêmico são vilões. O açúcar infelizmente é como um assassino psicopata que mata devagar.
Outra dificuldade é o ambiente social. Nem todos entendem que há uma dificuldade em controlar a porção de açúcar e insistem em “comer só um pedacinho” ou “só hoje”. Saber falar “não” faz parte deste processo também.
5 – Quais são as dicas que pode dar a alguém que queira mudar a alimentação com base na sua experiência? Como se pode largar esse vício do açúcar e manter esse novo modo de vida de forma consistente?
1 – É necessário entender o porquê se consome o açúcar e atacar a causa raiz. Conhecer a si mesmo faz toda a diferença. Controlar as emoções.
Se a ansiedade persistir, por exemplo, é necessário parar e concentrar no presente. Exercícios como focar na respiração, beber água com a consciência dos benefícios, fazer uma caminhada, “fresh air”, enfim, meditar, praticar yoga, aromaterapia, atividades físicas…Reunir todos os elementos possíveis para auxiliar no processo.
2 – Cercar-se de pessoas positivas e saudáveis. Evitar aqueles indivíduos que vão te falar: “ah não, mais uma dieta”, “isso não vai adiantar, “só hoje”…
3 – Visualizar-se extremamente saudável. Não necessariamente magro ou forte, mas sentir a energia como um combustível fácil para realizar inúmeras tarefas do dia a dia e prazeirosas também.
6 – Se pudesse ser criança de novo o que faria de diferente no que toca a alimentação? Como podemos implementar alimentação saudável nas vidas das futuras gerações?
Evitaria ao máximo produtos industrializados.
As futuras gerações devem tentar estar o mais próximo da natureza possível. Como humanos hoje sabemos que falhamos, pois estamos muito “desconectados”, entretanto estamos enxergando este erro. Há uma consciência coletiva convergindo para um mesmo ideal: neste caso o da alimentação natural como fonte de energia e saúde.
7 – Tem algumas últimas palavras que queira dirigir aos leitores do Skin at Heart com base em sua experiência?
Pare agora com o consumo de açúcar. Não deixe para segunda ou após as férias.
Acredite em você mesmo e foque nos resultados. Lembre que o prazer de um alimento açucarado dura apenas alguns minutos, mas o prazer de se libertar desta droga é constante.
Se a dificuldade persistir, além de controlar suas emoções, descubra receitas saudáveis. Opte por ingredientes naturais como stevia, canela, cravo, raspas de limão… seu paladar vai mudar e seu corpo vai agradecer!
Boa sorte! 🙂
O Skin at Heart agradece a Andrea Heller por sua disponibilidade e pela coragem de partilhar sua experiência para podermos motivar e inspirar outros leitores a dar o passo em direção à ação e a dizer “eu escolho saúde”!
Podem ler sobre apetite emocional aqui e sobre os óleos essenciais que apoiam esse processo e a cura de vícios aqui.
Se deseja apoiar o trabalho do Skin at Heart, visite a página do Patreon para informação exclusiva.