Todas as Vidas Importam?

Esta magnífica criação intitulada “O Amor Importa” foi feita em Atlanta em 2016 por Alex Ferror, um artista que partilha a mesma visão que eu: que contemos dentro de nós todas as cores do mundo e que podemos espalhar alegria e tolerância através da arte.

Muito foi dito sobre pessoas, cores, géneros e todos os tipos de diferenças que nós encontramos como seres humanos. Como é que podemos criar uma sociedade cooperativa em vez de uma competitiva? Qual é a causa de base para o ódio que perpetuamos uns contra os outros?

Os pais têm um papel fundamental no que toca ao racismo, ao sexismo ou a qualquer outra forma de discriminação pelo simples facto de uma pessoa ser diferente de nós. O que quer que seja que a pessoa experiência em casa, a criança leva para a sua vida de adulto. Crenças e comportamentos são herdados pelas famílias ao longo do curso da vida do dia-a-dia ao longo de anos e anos de crescimento. (1) 

No filme, América Proibida, a indelével lavagem cerebral que os jovens sofrem diariamente é brilhantemente apresentada no inocente jantar à medida que o pai vai liderando as conversas durante a refeição. Esta “hipnose” acontece todos os dias, dia a dia, de uma forma consistente em diálogos inofensivos, pequenas observações e/ou atitudes corriqueiras. Basicamente passa de pai para filho como um exemplo de um comportamento que o pequenino observa e copia desde tenra idade.

Despertar Emocional

À medida que nós acordamos para as nossas necessidades emocionais e compreendemos que o er humano é mais do que o corpo físico que se vê com os olhos, o papel das emoções na saúde das pessoas, no comportamento das pessoas e até mesmo nas normas culturais está a tornar-se mais claro. Se até hoje estivemos desconectados do nosso sistema de guia emocional, como é que como pais podemos assistir os nossos filhos a preencher as suas necessidades se somos incapazes de cuidar das nossas?

Ter sensibilidade para com o nosso sistema de gestão emocional é fundamental para compreender que todas as vidas importam.

“Darkness cannot drive out darkness; only light can do that. Hate cannot drive out hate; only love can do that.” Martin Luther King Jr.

Diferenças Sociais

Nas últimas décadas, nós oferecemos mais e mais opções a cada ser humano. Criámos sociedades recheadas de oportunidades para que todos pudessem ser integrados e bem sucedidos. Contudo, apesar de esta ser uma boa premissa do ponto de partida em que estávamos, foi baseada num cenário competitivo de um sistema extremamente capitalista. Basicamente, a maior forma de discriminação que as pessoas sofrem é baseada no seu estado social, apesar de raça e género ainda serem apresentados como uma questão: se se for pobre, a vulnerabilidade cresce mais dependendo da cor da pele ou do género com que se nasceu. Mas o principal motivo de base desta discriminação que leva à violência é baseada na inconsciência emocional anteriormente mencionada e na discrepância social existente entre a população. (2)

Apesar de as diferenças sociais não parecerem relevantes no que toca a discriminação racial, a realidade é que este ponto é chave para compreender a verdadeira diferença que estamos a enfrentar e como criar condições harmoniosas onde todos podem ser bem sucedidos. Enquanto perpetuarmos um sistema cruel com uma disparidade enorme entre os seres humanos, questões como a cor da pele irão permanecer.

A Terra é abundante e como criaturas habitantes deste planeta, nós podemos inspirar-nos na natureza e honrar a nossa espécie usando a nossa inteligência para criar sociedades onde nós prosperamos em conjunto em vez de competirmos para prosperar.

O Papel da Educação

A maior parte das vezes, as crianças, especialmente os meninos, são ensinados a desconectarem-se das suas emoções. Todos possuímos um sistema de guia emocional e aceder-lhe é fundamental para ver para além de cores e compreender que cada ser humano é uma vida preciosa.

“No one is born hating another person because of the color of his skin, or his background, or his religion. People must learn to hate, and if they can learn to hate, they can be taught to love, for love comes more naturally to the human heart than its opposite.” Nelson Mandela

A mensagem recorrente que estamos a enviar às nossas crianças é que elas não podem mostrar as suas emoções, porque é considerado errado ou inadequado. Isto é violência emocional, visto que cada ser humano sente emoções e deve, portanto, estar consciente do que estas estão a transmitir. A educação deveria não só ensinar essa conexão, como também maneiras saudáveis de exprimir as emoções.

O tema das emoções tem vindo a ser um desafio, porque nós, como adultos, ainda estamos a aprender a lidar com elas, pelo que se torna difícil guiar outras pessoas por um caminho que ainda estamos a aprender a percorrer. A falta de conexão emocional gera emoções reprimidas e suprimidas que frequentemente leva à violência. A energia das emoções precisa de escapar de alguma forma e se nós não ensinarmos as nossas crianças, se nós não nos ensinarmos a nós próprios, a expressar as emoções de uma forma saudável, elas vão acabar por estourar. (3)

Outra questão com a educação é a falta de confiança. As crianças são frequentemente obrigadas a aprender o que definimos que é suposto elas aprenderem dentro do ritmo que estipulámos, ou seja, basicamente ensinamos-lhes a não pensarem, ensinamos-lhes a limitarem-se a seguir. Dessa forma, a maioria das vezes, a sua criatividade é empurrada para o lado como algo irrelevante levando-as a uma incapacidade de serem confiantes o suficiente para se expressarem inteiramente e/ou para confiarem no seu sistema de navegação interno, visto que lhes é sempre exigido que sigam as regras ou convenções que estipulámos na família e/ou nas sociedades. É mais conveniente se todos se comportarem como esperamos, ou seja, como nós somos. E, enquanto não virmos que nós estamos constantemente a liderar pelo exemplo, estaremos a perpetuar todos os preconceitos das gerações anteriores.

“It is easier to disintegrate an atom, than a prejudice.” Albert Einstein

As crianças imitam o que vêem, pelo que o mais importante de tudo é trabalharmos em nós próprios. Isto significa não só agir em consciência, mas também trabalhar nas nossas emoções, e na vibração que emanamos. As crianças de tenra idade detectam mais rapidamente a nossa frequência do que as nossas palavras ou ações, por isso basicamente elas sentem aquilo que nós sentimos. (1) À medida que trabalhamos na nossa vibração, nós somos capazes de liderar pelo exemplo. (3)

É importante que as famílias, as escolas e as sociedades gerem um ambiente que promova respeito pela diversidade, criando um espaço seguro para que todas as crianças possam expressar quem são. Trabalhar na auto-consciência é a chave para as ajudar a tornarem-se adultos conscientes, usando ferramentas como a meditação para as ajudar na conexão com a sua essência e promover hábitos mentais saudáveis. Estes métodos podem e devem ser usados também por nós próprios para nos permitirem re-aprender novos padrões de pensamentos de modo a que sejamos parte da solução em vez de repetirmos o problema. A longo prazo, esta abordagem vai também mitigar a discrepância social que vemos e irá promover a criação de sociedades mais focadas na cooperação e na prosperidade em conjunto onde todas as vidas são importantes.

“I have decided to stick with love. Hate is too great a burden to bear.” Martin Luther King Jr.

(1) — The Biology of Belief by Bruce Lipton

(2) — Money Isn’t The Problem: You Are by Dain Heer and Gary M. Douglas

(3) — Letting Go: The Pathway of Surrender by David R. Hawkins

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